15 agosto 2020

o feriado de 15 de Agosto*

 
O feriado de Agosto era dia de festim na praia.
Diz a Ró, nas suas crónicas via sms, que se alugava uma barraca por 10$00/diários. Não me recordo dessa parte, pois claro que não, os nove anos de diferença distanciam-nos um pouco desses pormenores.
A minha memória dos dias 15 de Agosto, leva-me a dias felizes onde transbordava de inocência e não sabia ainda o preço de uma barraca de praia.
Para mim, estarmos todos juntos era simplesmente delicioso. Jogávamos à bola, ao prego, às cartas e também fazíamos "bolinhos" de areia molhada. Fazia sempre um monte de areia, com a Lena, ao qual cavava um túnel e lhe fazia uma chaminé. Com sorte, haveria de sobejar alguma folha sem interesse do jornal do paizinho e o mesmo, depois de a amachucar colocava-a no túnel e pegava-lhe fogo. E, para nosso fascínio, nascia um vulcão.
A água estaria sempre estupidamente gelada, mas era um culto saboreá-la antes do almoço e antes do lanche. A cor das bandeiras ditavam a quantidade de corpo a ser molhado, em caso de sobressair a vermelha, apenas os pés tinham direito a banho.
Esse dia foi sempre comemorado com um almoço preparado em casa.
Lembro-me das vésperas em que se fazia um bolo, que eu gulosamente cobiçava mas com muita pena minha ouvia logo a voz materna:"é só para amanhã". Cozia-se e desfiava-se ainda o bacalhau para a preparação dos sonhos do mesmo. Esta confecção era feita à noitinha. às vezes também se fazia coelho assado mas a minha memória passa apenas pelo delicioso arroz de frango feito de manhã cedo e devidamente embrulhado em papel de jornal, os sonhos de bacalhau e a salada de feijão verde e cenoura. Sei que bebia groselha ao almoço e à tarde lanchava leite quente com café, pão com marmelada e o resto do bolo.
Como a Ró hoje referiu, era sempre um dia em cheio.

(para os meus pais e irmãos, que me ajudaram a crescer, para o meu rebento e  para as minhas sobrinhas,  com todo o meu carinho
 - 15/8/2014)

Texto da minha irmã Ana